Programa “Gira – Mundo”: uma parceria de sucesso e inovação entre a Paraíba e o exterior

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O programa de intercâmbio do Governo do Estado da Paraíba vem ganhando destaque na internacionalização do estado, trazendo desenvolvimento e melhorando os índices da educação pública.

O PROGRAMA GIRA-MUNDO

​O programa Gira-Mundo, da Secretaria de Educação e da Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba, disponibiliza vagas para estudantes e professores da rede estadual de ensino participarem de intercâmbios no exterior. O programa, que existe há 4 anos, já enviou participantes para 8 países ao redor do mundo e vem ganhando destaque no estado devido, principalmente, ao impacto social positivo que vem causando nas vidas dos jovens e professores da Paraíba. Em 2019, foram ofertadas 280 vagas para estudantes do segundo ano do ensino médio da rede pública estadual. 

O valor total de investimento do projeto (R$9 milhões) garante aos participantes uma bolsa de R$4.500 para cobrir os custos no exterior, além do seguro de saúde. O embarque rumo ao país de destino ocorre sempre no início do segundo semestre letivo e o programa dura em torno de 5 meses. A acomodação se dá em casas de famílias que recebem os alunos paraibanos de maneira voluntária e os auxiliam durante toda a sua estadia. Nesse período fora do país, os alunos devem cursar disciplinas equivalentes ao currículo brasileiro e desenvolver e aplicar algum projeto de impacto no local em que estão inserido.

O processo de seleção é realizado de maneira classificatória e eliminatória. Primeiramente, são selecionados os estudantes com as melhores médias ao longo do ano anterior. Em seguida, é realizada uma prova no idioma do país a que o aluno se destina (inglês ou espanhol) e, por fim, há uma avaliação psicossocial. Há uma divisão da quantidade de vagas entre as 14 regiões administrativas do estado, o que garante vagas especificamente direcionadas à regiões do interior, garantindo o acesso deles aos intercâmbios.

Através do programa, professores da rede pública fazem uma capacitação na região árida de Israel e desenvolvem projetos a serem posteriormente aplicados na Paraíba.

O programa surgiu em 2015 com os objetivos de: fortalecer o aprendizado de línguas estrangeiras no estado, melhorar os índices de educação e expandir a política de internacionalização da Paraíba. Atualmente, o projeto “Gira-Mundo” também envia professores da rede publica para capacitações no exterior, o que comprova sua evolução de sucesso na Paraíba. Para os estudantes, os destinos disponíveis são: Canadá, Espanha, Chile, Colômbia, Argentina e Reino Unido. Por sua vez, os professores estão aptos a visitarem: a Finlândia, Israel e Espanha. 

Em destaque está a parceria com Israel, que tem sido bastante produtiva no desenvolvimento de alternativas para superar os desafios impostos pelo clima semi-árido do sertão paraibano. Através do programa, professores da rede pública fazem uma capacitação na região árida de Israel e desenvolvem projetos a serem posteriormente aplicados na Paraíba.

A coordenação do programa foi assumida por Tulhio Serrano – Diretor Executivo de Desenvolvimento Estudantil e Coordenador Geral do Programa de Intercâmbio do Governo da Paraíba. No momento de formatação do programa, Tulhio passou uma semana visitando e conhecendo melhor o programa “Ganhe O Mundo” do Governo de Pernambuco, um programa de intercâmbios similar, também voltado aos alunos da rede pública estadual. A partir dessa experiência, foi possível adaptar o modelo de projeto de Pernambuco à realidade paraibana. Para explicar em detalhes como se deu a implementação do projeto, o IDeF entrevistou o senhor Tulhio Serrano, que tratou dos desafios enfrentados e os resultados obtidos até o momento pelo Programa Gira-Mundo.

ENTREVISTA COM TULHIO SERRANO


Tulhio Serrano é graduado em Arquivologia pela Universidade Estadual da Paraíba, atualmente é mestrando em Serviço Social pela UFPB, área em que busca se aprofundar para atuar de forma ainda mais efetiva nas suas funções enquanto Diretor Executivo de Desenvolvimento Estudantil e Coordenador Geral do Programa de Intercâmbio do Governo da Paraíba.

IDeF – Primeiramente, gostaríamos de saber como surgiu o projeto e qual foi a ideia inicial por trás dele?

Tulhio  Esse programa de intercâmbio dos estudantes da rede pública, que estava no plano de governo do Ricardo Coutinho (Governador da Paraíba entre 2011-2018), foi pensado enquanto uma política pública capaz de melhorar os índices da educação básica no estado. A gente sabe que há muito tempo a educação pública no Brasil vem sendo vitimizada por políticas públicas sem continuidade.

Quando assumimos a gestão, nós montamos o programa de intercâmbio para incentivar os meninos a conhecerem uma nova língua e adquirirem uma nova perspectiva de vida. Além disso, para incentivar ainda o inglês e espanhol aqui no estado.

Sobre as parcerias internacionais, pensamos a priori no Canadá. Uma vez que a Olimpíada Internacional de Robótica estava acontecendo aqui na Paraíba na mesma época, com delegações de vários países presentes. A partir de uma primeira conversa com o Embaixador/Cônsul do Canadá nós estreitamos laços e pudemos, em 2015, assinar um memorando de intenção para promover o intercâmbio com esse país.

O Programa Gira-Mundo se estabelece, portanto, como uma política pública de Estado e não de governo, o que é muito importante no combate à sua descontinuidade

A partir desse primeiro passo, que era instituir a parceria internacional, o programa passou a ser planejado juntamente com uma lei estadual, aprovada em 2016, responsável por destinar recursos ao seu funcionamento. O Programa Gira-Mundo se estabelece, portanto, como uma política pública de Estado e não de governo, o que é muito importante no combate à sua descontinuidade. Assim que a lei foi sancionada, lançamos o primeiro edital em janeiro de 2016 que selecionou e enviou 50 estudantes do segundo ano do ensino médio para o Canadá.

Desde então, fizemos outras parcerias com novos países e em 2017 o programa foi ampliado e passou a atender também professores. Nós pensamos que como queríamos a melhoria da qualidade do ensino e melhoria dos índices estaduais, não poderíamos envolver apenas os alunos, precisávamos também envolver o professor da rede básica. Em parceria com a Finlândia, lançamos uma gama de capacitação da educação básica aqui no Estado.

Esses dois programas, no final, se entrelaçam. São duas linhas do programa, a linha do estudante e a linha do professor. Então, com isso, a gente começa a organizar melhor o programa em rede. Então, apesar do Gira-Mundo ser recente e só ter três anos de execução, já estamos trabalhando no sentido de medir seus impactos na rede pública. Um exemplo disso está no fato de que todos os alunos que vão ao intercâmbio precisam aplicar um projeto nas áreas de tecnologia, inovação e meio ambiente ao retornar, fazendo parte da complementação da nota deles.

Todos os alunos que vão ao intercâmbio precisam aplicar um projeto nas áreas de tecnologia, inovação e meio ambiente ao retornar

A gente vem aperfeiçoando o projeto a cada ano para que possamos expandir cada vez mais sua importância social. Quando nós mandamos um estudante daqui para o exterior, um pouco da nossa cultura também está indo para a Europa e América. Existe essa troca. Além disso, estamos abrindo o olhar desses outros países para o estado da Paraíba.

IDeF – Você falou do caso do Canadá, cuja parceria se deu através do embaixador, mas e quanto aos outros países? Como se estabeleceram os demais acordos de cooperação internacional?

Tulhio – Com alguns países como a Argentina, o Chile e a Colômbia a parceria se deu através do nosso contato com o programa “Ganhe O Mundo” de Pernambuco. Esses países viram que estávamos com um programa parecido e nos procuraram para fecharmos acordos. Já o Reino Unido, por exemplo, surgiu a partir do programa para professores na Finlândia, onde eles entraram em contato com universidades britânicas. Além disso, Israel também surgiu a partir da experiência e iniciativa de um professor do Instituto Federal, responsável por coordenar o intercâmbio dos professores, que adquiriu contatos em Israel e tinha o desejo de investir ainda mais em nossas cooperações.

​Da Finlândia fomos para Israel e o mundo. Esse país é uma referência mundial em educação e devido a isso, muitos consulados ficam sabendo que secretarias da Paraíba, do Pernambuco e do Maranhão, por exemplo, têm programas de intercâmbio. Nós somos muito procurados por outros países e quando se tem a boa vontade de um lado e do outro, a gente consegue.

IDeF – À respeito do programa para professores, achamos particularmente interessante a parceria com Israel, no desenvolvimento de tecnologias e inovações para o semiárido paraibano.

Tulhio – Para esse programa, só podem concorrer à capacitação professores efetivos da rede estadual aqui da região semiárida. Isso é necessário para garantir que haja um retorno para as escolas estaduais. Professores de qualquer disciplina podem participar, mas eles vão atuar em projetos voltados ao meio ambiente, ao cultivo da terra e a como lidar com a seca. Israel foi escolhido por ser um país de clima árido onde se consegue cultivar produtos para a alimentação e para a economia. 

          Só podem concorrer à capacitação professores efetivos da rede estadual aqui da região semiárida. Isso é necessário para garantir que haja um retorno para as escolas estaduais.

Então, essas oficinas de 30 dias têm dado um resultado muito bacana, com o desenvolvimento de hortas pedagógicas, por exemplo, por parte dos professores que foram para Israel.

Dentre os pontos positivos há a melhoria da educação, o maior empenho dos meninos em sala de aula, a diminuição da evasão escolar, o fortalecimento dos territórios e o incentivo ao estudo

IDeF – Você poderia dizer quais foram os pontos positivos e os desafios mais marcantes ao longo da implementação do projeto?

Tulhio – Dentre os pontos positivos há a melhoria da educação, o maior empenho dos meninos em sala de aula, a diminuição da evasão escolar, o fortalecimento dos territórios e o incentivo ao estudo. Tudo isso, porque quando você incentiva o intercâmbio, o aluno vai ter que se empenhar mais e isso, consequentemente, melhorar os índices daqui a 4 ou 5 anos. Dentre os desafios há, por exemplo, a dificuldade dos estudantes serem menores de idade e os pais terem receio em deixar o filho ir. Há também o desafio de fortalecer essas políticas com os países e trazer um maior retorno para cá. A gente inseriu os projetos, mas precisamos ampliá-los ainda mais para que o retorno à sociedade seja maior. Uma divulgação mais ampla dessa política é também um desafio.

IDeF – Com o sucesso na implementação do Projeto Gira-Mundo, a Secretaria tem se interessado em realizar novos projetos de cooperação internacional?

Tulhio – Sim. O estado já desenvolvia algumas cooperações na área comercial com a Argentina, na criação de um vôo saindo de João Pessoa, e também com a Espanha e Portugal. A partir disso, a gente veio para o viés educacional, o governo impulsionou essas cooperações internacionais e vice-versa. A partir do lançamento de um programa, já se inicia um projeto de cooperação com os países. Com o programa da Finlândia, além de levar professores para lá, temos recebido muitos estudantes e professores aqui. Também tivemos um termo de cooperação com a Espanha, na realização de capacitações por meio da Embaixada da Espanha. Esse termo de cooperação que a gente assinou com eles é fundamental porque capacitou nossos professores com cursos de atualização certificados pela Embaixada Espanhola e pelo Ministério da Educação Espanhol.

​Há ainda algumas ações na área de cooperação que nós desenvolvemos a partir da Fundação de Pesquisa e Extensão (FAPESQ) que trabalha todos os anos com editais para pesquisa, extensão e termos de cooperação internacional. Só esse ano, o governador José Azevedo já recebeu alguns cônsules interessados em fechar parcerias com a Paraíba. Então, o programa começa agora a aparecer, dando visibilidade ao estado. O que é importante estrategicamente. Pontuar a Paraíba nesse meio é algo bacana.

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