O Esporte Acolhe Refugiados

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“Projeto de cooperação europeu acolhe minorias através da prática desportiva”

Um dos principais objetivos das políticas esportivas da União Europeia é que todos tenham acesso ao esporte. O esporte não apenas beneficia a saúde mental e física, mas também promove habilidades sociais. Praticar esportes com outras pessoas aprimora novas conexões e reduz barreiras linguísticas e culturais. Por conseguinte, há a visão de que a prática esportiva pode desempenhar um papel positivo na criação de uma Europa inclusiva e diversificada.​

​Com a massiva entrada de refugiados na UE em 2015, muitos clubes esportivos, associações e grupos informais começaram a oferecer atividades esportivas e de lazer aos recém-chegados. Nesse contexto, a Rede de Inclusão Esportiva da Europa (SPIN – Sport Inclusion Network) criou um projeto intitulado “O Esporte Acolhe Refugiados – Inclusão Social de Migrantes Recém-chegados pelo Esporte”. O objetivo geral do projeto é melhorar e promover a inclusão social dos migrantes recém-chegados em municípios e províncias europeias. O intuito é facilitar a participação esportiva de refugiados por meio de treinamento e capacitação em clubes esportivos, além da participação dos mesmos como voluntários (treinadores, administradores, árbitros) nesses clubes. Com isso busca-se uma maior inclusão local dos refugiados que chegam.

O objetivo geral do projeto é melhorar e promover a inclusão social dos migrantes recém-chegados em municípios e províncias europeias

No Relatório Inicial de Avaliação, realizado pelo Centro de Conhecimento para o Esporte da Holanda (Knowledge Centre for Sport Netherlands), as duas avaliadoras Anita Vlasveld e Willie Westerhof fizeram as seguintes conclusões e recomendações:

É importante ressaltar que todos os parceiros colaboram bem juntos e fazem o possível para contribuir e implementar atividades […], os seguintes pontos gerais de atenção podem ser dados: […] Até agora, parece ser ainda difícil envolver um número razoável de mulheres e meninas nas atividades esportivas locais. Portanto, esse continua sendo um importante ponto de atenção para os parceiros. Eles têm uma tarefa de estimular os parceiros locais a também se concentrarem na participação de mulheres e meninas no esporte!

O esporte pode atuar como um catalisador para a transformação social positiva, mas também pode reproduzir padrões destrutivos nas interações sociais. Para abordar esse e outros problemas é que a União dos Jogadores Portugueses, um dos parceiros da Rede de Inclusão Esportiva (SPIN), organizou a Conferência Europeia sobre Inclusão Esportiva de Migrantes e Refugiados, em novembro de 2018. 

O esporte pode atuar como um catalisador para a transformação social positiva, mas também pode reproduzir padrões destrutivos nas interações sociais

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A Conferência ocorreu na cidade do futebol, em Oeiras (Lisboa), local também da sede da Associação Portuguesa de Futebol. O evento consistiu em uma oportunidade única de networking aos interessados em esportes e na inclusão social. Dentre seus objetivos, constava a apresentação e avaliação dos resultados preliminares do projeto “O Esporte Acolhe Refugiados”. O evento reuniu atores relevantes do esporte – desde o nível básico até o nível profissional – para compartilhar experiências e boas práticas. 

Os participantes fizeram um intercâmbio de estratégias inovadoras em torno da inclusão social de migrantes recém-chegados e da promoção da igualdade de oportunidades para grupos marginalizados. Participaram do evento clubes esportivos de base, atletas e educadores esportivos, órgãos dirigentes do esporte e do futebol (clubes esportivos profissionais e amadores, federações nacionais, sindicatos de jogadores), bem como instituições públicas (a nível europeu, nacional e local). Participaram ainda organizações que trabalham no setor social e desejam usar o esporte como ferramenta de coesão social, organizações de migrantes e refugiados, incluindo aquelas com iniciativas esportivas lideradas por migrantes, pesquisadores e jornalistas.

Ademais, o evento utilizou-se de sessões plenárias e oficinas interativas para discutir os seguintes temas:

  • Como os clubes e associações esportivas podem desempenhar um papel na criação de ambientes seguros, onde as conexões podem ser feitas em um ambiente confiante e no fornecimento de culturas esportivas inclusivas
  • Discurso público e político sobre refugiados: como combater preconceitos e estereótipos através do esporte?
  • Gênero e Migração: Como a participação de meninas e mulheres refugiadas pode ter sucesso?
  • Como lidar com os novos cidadãos? A necessidade de treinamento e qualificação para treinadores e clube
  • Que papel ativo os refugiados podem desempenhar no esporte organizado (por exemplo, como treinadores)
  • Trabalhando juntos em nível europeu: que tipo de rede de inclusão esportiva é necessária?
  • Quais políticas e estratégias são necessárias, em longo prazo, para integrar totalmente os novos cidadãos no esporte e por meio dele?

No que diz respeito especificamente ao projeto, percebe-se que ainda há a necessidade de envolver mais pessoas e organizações locais ao redor da Europa e também de fomentar a prática esportiva entre as mulheres imigrantes ou refugiadas.

Em relação aos resultados alcançados após o evento, pode-se concluir que as reuniões nacionais contribuíram para conectar e vincular esportes organizados, promover o intercâmbio de boas práticas entre os principais clubes de imigrantes e iniciativas que trabalham com refugiados e solicitantes de asilo, ampliar o entendimento sobre o trabalho com imigrantes recém-chegados através do esporte. No que diz respeito especificamente ao projeto, percebe-se que ainda há a necessidade de envolver mais pessoas e organizações locais ao redor da Europa e também de fomentar a prática esportiva entre as mulheres imigrantes ou refugiadas.

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