Governador do Piauí Wellington Dias fala sobre atuação internacional do Estado e do Consórcio Nordeste

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José Wellington Barroso de Araújo Dias | Foto por Governo do Estado do Piauí

Wellington Dias é o atual governador do Estado do Piauí, no seu quarto mandato. É presidente do Consórcio Nordeste, entidade que agrupa os nove estados nordestinos a fim de elaborar e executar políticas públicas em conjunto na região. Dias atua na função de Coordenador da temática da vacina contra a Covid-19, no Fórum dos Governadores do Brasil.

Na sua experiência como governador de 2002 a 2010, e posteriormente, de 2014 até o presente momento, quais diferenças podem ser percebidas na paradiplomacia, bem como na internacionalização do estado do Piauí?

O Brasil sempre se destacou por uma política de paz e respeito a outros países e outros povos, se destacando como um país sem contenciosos e ainda valorizando a soberania de cada governo de cada país, seguindo posições integradas nos fóruns mundiais, especialmente pactuados na ONU. 

Foi a partir do governo do presidente Lula, a partir de 2003, que cresceu, através de uma política integrada da Secretaria de Relações Institucionais (governo federal/ Estados e Municípios) e também com o Ministério de Relações Exteriores, ações e parcerias internacionais com maior independência. 

No Piauí, o Sérgio Vilela hoje coordena as 26 Câmaras Setoriais do Estado, um profissional da EMBRAPA com boa capacidade de articulação, e Álvaro Luiz na assessoria e comunicação, coordenaram ações no primeiro momento. 

Era tudo um aprendizado, mas criando relações e aprendendo com a experiência dos outros e principalmente com a muito preparada diplomacia brasileira, que nos apoiou com muita dedicação no acompanhamento dos entendimentos e parcerias firmadas.

Quais foram os principais desafios enfrentados na atuação paradiplomática do Consórcio Nordeste, atualmente em sua gestão?

O maior desafio foi a radical mudança da política de Relações Exteriores no Brasil e a mudança para o atual Ministro abre possibilidade de alguma melhora. 

    Cresce um mundo de oportunidades em comércio bilateral e investimentos estrangeiros no Brasil e o Nordeste é a região mais promissora. 

Devemos organizar uma Câmara Técnica para política internacional do Nordeste, respeitando a liberdade de cada Estado, mas com eixos comuns. E para maior segurança precisamos de sintonia com o governo federal e o apoio da diplomacia brasileira. A paradiplomacia é para ampliar relações com o mundo, mas não é para substituir ou concorrer com o Poder Central. Esse esforço temos que fazer. Lá fora somos todos Brasil, temos que nos dar as mãos, mesmo com as divergências internas.

Embora muito recente, o Consórcio Nordeste vem ganhando destaque tanto na mídia quanto na comunidade acadêmica, mas atualmente sofre ataques, principalmente da oposição, nos estados. Como é encarada a possibilidade de um retrocesso, com a eleição desses opositores em 2022?

O Consórcio Nordeste é um caminho sem volta. E estimulou a organização do Consórcio da Amazônia e o Consórcio do Centro Oeste. Aliás, a Representação dos 3 Consórcios está localizada num mesmo prédio no Distrito Federal. Já há algumas experiências juntos. Acredito que focando no interesse comum da Região Nordeste, qualquer que seja o resultado das eleições, a ideia de trabalho integrado deve prosseguir.

Fernando Vivas/Governo da Bahia

Como o Fórum dos Governadores tem atuado para atenuar o desgaste da imagem do Brasil causado pelo governo federal diante da comunidade internacional? Principalmente nos ataques a parceiros estratégicos no fornecimento de insumos para produção de vacinas, como a China? Como tem sido o diálogo entre a Embaixada da China,  com suscetíveis crises em um momento tão delicado?

R: Não tem sido fácil. Mas há um diálogo permanente com a China, Europa e especialmente a França, Rússia e Índia e países da América do Sul e, mais recentemente, com a eleição do presidente Joe Biden nos Estados Unidos… para deixar claro que os tratados serão respeitados, o Brasil é uma República Federativa e tem uma Constituição Federal que o governante se submete a regras e temos os 3 poderes que corrigem a falha quando um sai do eixo. 

Mas a desconfiança, a credibilidade, o mal estar… é uma realidade em que temos que atuar sistematicamente. Cada declaração… temos que entrar em campo. 

O Consórcio do Nordeste e Fórum dos governadores permite uma linha direta com as embaixadas dos países e representantes de governos. Trabalhamos também integrados principalmente com a Câmara e o Senado e às vezes com o STF. Mas precisamos de céu de brigadeiro. Ou os estragos serão maiores na imagem do Brasil, causando instabilidade.

O Consórcio Nordeste iniciou em 2019, em uma trajetória sem pandemia. Em um cenário pós-pandemia, que começa a ser vislumbrado com o avanço da vacinação no país, como o Consórcio tem planejado a retomada na sua atuação internacional e busca por investimentos e parcerias? Quais áreas são mais vislumbradas?

Em 2019 fizemos agendas na Europa e na China. E bons resultados, especialmente na atração de investimentos na área de energias renováveis, tecnologias, Parcerias Público Privado, operações de crédito e também na reafirmação de laços que darão frutos pós-pandemia. 

Já realizamos agendas preparatórias com América do Sul, América do Norte, Rússia, países árabes e África e novamente Europa e China. Queremos organizar agendas lá e cá, com setor público e setor privado, e a preparação de pautas de interesse bilateral promete bons resultados.

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