Embaixador Affonso Massot fala do impacto da pandemia no Estado de São Paulo

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Escrito por Priscylla Medeiros e Alba Tavares.

O Embaixador Affonso Massot é Secretário Executivo de Relações Internacionais do Governo do Estado de São Paulo desde 2019, tendo ingressado na carreira diplomática em 1965 e consagrado-se Ministro de Primeira Classe em 1995. Entre as funções desempenhadas no MRE destacam-se a de Cônsul-Geral em Lisboa (1991-3), Chefe do Departamento Consular e Jurídico (1993-6), Chefe de Gabinete do Ministro de Estado (1997), Embaixador na Haia (1999), Representante Permanente na Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) (1999-2003), Embaixador em Praga (2003-8), Embaixador em Atenas (2008-10), Embaixador Extraordinário para Assuntos Migratórios (2010), Chefe do Escritório de Representação do Ministério de Relações Exteriores em São Paulo (2011), Embaixador no Líbano (2013-2015), Secretário Municipal de Relações Internacionais em São Paulo (2017-2018).

O senhor pode inicialmente falar um pouco do impacto dessa pandemia na rotina da Secretaria de Relações Internacionais? Como a pandemia mudou as atividades e projetos e quais têm sido as principais demandas da Secretaria?

A Pandemia e as suas consequências são os maiores problemas públicos do ano de 2020. Todas as áreas do Governo de São Paulo foram afetadas e a Secretaria de Relações Internacionais precisou se reorientar para responder à crise. Missões que haviam sido planejadas para atração de investimentos no ano de 2020 não puderam ser realizadas e uma parte dos projetos que envolviam viagens e encontros presenciais foi adiada. Em contrapartida, projetos de cooperação técnico-científica, como o que levou ao acordo entre o Laboratório Chinês Sinovac e o Instituto Butantã para o desenvolvimento e produção de vacina contra a COVID-19, e prospecção de doações internacionais foram fundamentais na resposta que o estado deu para esta crise. A resposta do estado de São Paulo como um todo foi pensada pela lente da integração entre suas diversas áreas e baseada na ciência e na medicina. Nesse esforço, a Secretaria de Relações Internacionais atuou como suporte sempre quando necessário.

Vimos que vocês estão trabalhando na elaboração do “Plano de Retomada 2021/22 do Estado de São Paulo” com a previsão de novas missões internacionais para captação de recursos. Você pode falar um pouco sobre esse Plano de Retomada e as missões previstas? Há alguma área prioritária nesse processo de captação de recursos? Quais os principais parceiros buscados? 

O Plano de Retomada 2021/22 é um plano que busca atrair investimentos e dinamizar a economia do estado por meio de parcerias e privatizações. É um plano também com um olhar para o internacional, que busca oportunidades externas para ajudar nos desafios internos. Nós planejamos já algumas missões que têm se tornado tradicionais para a atuação do estado de São Paulo pelos bons resultados que sempre trazem, como é o caso da Missão ao World Economic Forum, em Davos. Ano que vem, temos planos para missões para Singapura, Nova Iorque, Alemanha, Noruega, Londres, Catar, Dubai, Itália e Espanha, além de planos para a abertura de um novo escritório internacional do estado em Munique. 

Quanto às áreas prioritárias, a Secretaria de Relações Internacionais entende que prioridade é aquilo que possa trazer bem-estar ao cidadão de São Paulo. Todo investimento sustentável que possa gerar mais empregos, melhorar a infra-estrutura e qualidade de vida é prioritário para nós. O parceiro que nós buscamos é aquele que tenha interesse em construir uma relação mutuamente benéfica, de longo prazo, com o estado de São Paulo e a sua população.

Observamos que a Secretaria busca manter um foco também nos princípios do crescimento sustentável. Nesse sentido, qual a importância da Agenda 2030 e dos ODS para o desenvolvimento do Estado nesse contexto de crise? 

Dentro ou fora do contexto de crise, a Agenda 2030 e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são pilares para a formulação de políticas públicas do Estado de São Paulo. Esse é o compromisso do governo com um desenvolvimento que possa se manter e produzir melhorias de qualidade de vida para a população. Ele se manifesta também por meio da Comissão Estadual de São Paulo para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da qual fazem parte todas as Secretarias, anterior à pandemia. 

Dentro ou fora do contexto de crise, a Agenda 2030 e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são pilares para a formulação de políticas públicas do Estado de São Paulo.

Quanto aos efeitos da pandemia, foi realizado um trabalho conjunto entre a Secretaria de Relações Internacionais, a Casa Civil e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico que monitorou a relação entre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e as ações de enfrentamento ao COVID-19.

Que conselhos o senhor daria para gestores da área internacional de outros estados e municípios brasileiros diante dessa demanda de recuperação econômica? 

O cenário internacional apresenta oportunidades, mas antes é necessário saber quais são as prioridades de cada estado. Inserir-se em redes internacionais, estabelecer e manter essas conexões, é importante para que os canais estejam abertos, seja para demandas de recuperação econômica ou para orientar a captação de investimentos externos.A criação de uma assessoria de promoção de investimentos, naqueles estados que não as tenham, pode trazer benefícios nessa área. A Secretaria de Relações Internacionais trabalha em conjunto com a InvestSP – Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade, que atua também na prospecção de novos negócios para o estado, apoio a investidores e organiza delegações comerciais que acompanham nossas missões internacionais. Alguns estados têm instituições do mesmo tipo, com o mesmo objetivo, que conhecemos por meio do fórum RI27. O próprio Fórum RI27 é um outro bom exemplo de uma rede para troca de experiências, com a participação de gestores estaduais de Relações Internacionais.

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