Conheça a iniciativa “Escolas: uma parceria para o futuro” (PASCH)

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Michele Bruna de Sousa é Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da UECE. Especialista em ensino de alemão para estrangeiros do Curso de Especialização lato sensu para Profºs de Alemão DLL Aprendendo a Ensinar Alemão: Bases para a Prática pela Universidade Federal da Bahia e Universidade de Jena (Alemanha), polo Fortaleza (2019). Possui graduação em Letras – Português, Alemão e Literaturas pela Universidade Federal do Ceará (2013). Atualmente, atua como professora e coordenadora do curso de alemão na Escola Estadual de Educação Profissional Paulo VI, junto ao Projeto PASCH, tem experiência na área de Letras, com ênfase em Linguística.

A iniciativa PASCH, “Escolas: uma parceria para o futuro”, foi coordenada pelo Ministério Federal das Relações Exteriores da Alemanha, em parceria com o Escritório Central para Escolas no Exterior, o Instituto Goethe, o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) e o Serviço Pedagógico de Intercâmbio (PAD) em 2008. O principal objetivo da iniciativa é aumentar o interesse e o entusiasmo pela Alemanha, além de motivar jovens estudantes a aprender a língua alemã, criando uma rede mundial de escolas.

São estruturadas aulas em alemão em cerca de 120 países do mundo, sendo o Brasil um deles. De acordo com o Instituto Goethe, o orçamento em 10 anos da estabilização do programa foi de quase 420 milhões de euros. O site fornece mais informações a respeito da iniciativa, das possíveis redes de intercâmbio entre parceiros, dos financiamentos e dos recursos fornecidos para a cooperação. Em dezembro de 2018, com a comemoração dos 10 anos da frutífera iniciativa, eventos e atividades culturais foram realizados para enfatizar o sucesso e a importância do projeto. Atualmente, são mais de 1800 escolas pelo mundo, no Brasil temos 20 escolas. A maioria das escolas são privadas, apenas 06 são públicas.

A equipe do IDeF teve a oportunidade de entrevistar Michele Bruna de Sousa Silva Gal, professora da Escola Estadual de Educação profissional Paulo VI, em Fortaleza, no Ceará, que conta com o apoio da iniciativa PASCH para propagação da língua e cultura alemã na região.

IDeF: Você poderia falar um pouco mais sobre a iniciativa PASCH e como ela é implementada nas escolas? Como as escolas brasileiras são escolhidas e como podem participar da iniciativa?

Michele: A iniciativa PASCH e é mantida pelo Ministério das Relações Exteriores e com parcerias com alguns outros, como o Goethe Institut. No Ceará Há uma parceria do governo do estado com a iniciativa PASCH. Não sei bem como a escolha das escolas funciona, sei que a maioria é particular e que não poderia ter alemão anteriormente, tem que ser algo inovador. Por exemplo, no Sul do Brasil existiam escolas que já possuíam alemão e essas escolas não puderam ser uma escola PASCH.

IDeF: Em relação à escola que você trabalha, como aconteceu a parceria e quais são as ações desenvolvidas?

Michele: Na escola que eu trabalho, a parceria com o governo funciona com o governo dando o espaço, que no caso são as duas escolas que têm em Fortaleza (Paulo VI e Juaréz Távora), paga o salário do professor e a iniciativa PASCH dá formação para esses professores e ensina alemão dentro das escolas como se fosse um curso. Por exemplo, na escola que eu trabalho tem um laboratório que foi mantido pelo PASCH, custeado pela iniciativa, que possui data show, armários enviados pelo PASCH, vários livros didáticos, que os alunos recebem no início do ano, e dicionários para consulta, por exemplo. Assim, o governo fornece a escola e os alunos além de se comprometer em fazer com que o ensino seja cada vez maior. Então, por exemplo, na escola que comecei o alemão era uma disciplina eletiva, os alunos podiam escolher, hoje em dia não é mais assim, os alunos tem que fazer. Todos os cursos são contemplados com aulas de alemão.

IDeF: Como os alunos e professores beneficiados são envolvidos? E qual o seu papel, como professora, na realização das atividades?

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Michele: De escola para escola essa realização é feita de uma forma diferente, algumas devem escolher entre inglês e alemão, em outras eles fazem uma seleção para poder participar das aulas de alemão. No Paulo VI, eles já entram sabendo que vão estudar alemão por três anos, que é uma escola de ensino médio e profissionalizante e possuem alemão dentro da grade curricular deles. Como professora, mais do que dar aulas em um primeiro momento, é realmente incentivar esses alunos e apresentar esse novo idioma, no caso de Fortaleza, por exemplo, que os alunos não fazem ideia do que seja. Sabem que é um idioma, mas da cultura alemã eles não sabem quase nada. Então o meu papel, além de ensinar a língua, é também mostrar para eles a Alemanha como um país de oportunidades, além dos outros países de língua alemã.

E fazer com que eles percebam a importância de uma língua estrangeira hoje em dia, por qual motivo precisam estudar alemão e porque isso é interessante para eles. Principalmente sendo alunos de escola pública, que não teriam condições de pagar um curso particular, já que a grande maioria não tem condições financeiras. Então, no inicio é um trabalho realmente de motivação que é feito com esses alunos para que eles percebam a necessidade de estudar alemão e como esse idioma abre portas. A primeira oportunidade é concorrer a uma bolsa para passar 20 dias na Alemanha, e eles querem muito e se esforçam, passam um ano se preparando para isso.

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E ministrar outros alunos que já foram para Alemanha, que irão apresentar para os alunos do primeiro ano, um olhar deles acerca da visita a Alemanha, o que eu acho que é algo muito importante. Então, o meu papel como professora é: ministrar aulas, mas também fazer com que os alunos percebam a necessidade e importância de uma nova língua e motivar o ensino da língua alemã dentro da minha escola.

IDeF: Em relação aos governos locais brasileiros, que papel eles possuem dentro da iniciativa? Há participação dos governos no desenvolvimento e implementação das atividades?

Michele: As escolas não participam da escolha das atividades. As escolas sedem o espaço, os alunos e pagam os professores.

IDeF: Por fim, que resultados concretos têm sido obtidos com a iniciativa e quais têm sido os maiores empecilhos da iniciativa PASCH?

Michele: Resultados concretos são alunos indo para Alemanha. Eles ganham uma bolsa de estudo para passarem 20 dias, quando eles retornam vêm com um sentimento de poder crescer, ter uma maior perspectiva/ visão de futuro, eles veem que é possível, quando a oportunidade está ali e você se esforça. Temos, também, alunos que continuam o curso de alemão na Casa de cultura alemã, curso oferecido pela Universidade Federal do Ceará. Este ano, um ade nossas alunas começou a cursar letras português/alemão na Universidade Federal do Ceará, para nós é mais um fruto do nosso trabalho.

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