O senhor poderia começar falando um pouco da sua trajetória profissional e a sua atuação dentro da Secretaria Municipal de Turismo (SETUR) de João Pessoa?
Meu nome é Daniel Rodrigues. Eu sou da área privada e sou o fundador da rede Nord de hotéis que opera em João Pessoa e no Ceará, que está em plena expansão no Nordeste e há 25 anos que eu atuo no setor de turismo aqui na cidade de João Pessoa. Além do setor de alimentos e bebidas, paramos também no setor de restaurantes e no setor de eventos. A maioria dos eventos em João Pessoa é realizado pelo grupo Colônia Produções, que também faço parte. E hoje, nesse terceiro ano, nós estamos fazendo com que o turismo de João Pessoa possa ter um desenvolvimento concreto, de fato, não ficando somente nas promessas. Que nós possamos, com nosso conhecimento, com o nosso currículo e com o relacionamento com os principais atores do turismo nacional e internacional, conseguir essa facilidade, entrar e fazer com que a gestão pública possa entender que o turismo é tão importante para a economia da cidade de João Pessoa. Então, essa é a nossa intenção. Hoje eu me divirto muito, é uma divisão de trabalho cansativa, mas prazerosa porque está dando certo. Hoje em João Pessoa há o avanço na ocupação turística, nos ranqueamentos estamos entre as dez melhores do Brasil de cidades mais procuradas, cidades que as pessoas vêm a turismo e querem morar na cidade de João Pessoa. A construção civil cresce muito por causa do turismo. 70% dos clientes do mercado imobiliário são de fora, são as pessoas que vêm e se encantam com a beleza, com a limpeza e a segurança da cidade. Graças a Deus, ainda nós temos uma cidade segura e que você pode transitar. A nossa orla é interditada das 5 da manhã às 8 horas da manhã, se você for às 4h manhã já tem pessoas fazendo caminhada em toda a nossa orla. Agora mesmo nós recebemos uma notícia boa de que os bares da orla vão ser fechados obrigatoriamente à meia-noite para evitar que as pessoas passem a madrugada nos bares e sujando a orla, minimizando mais a sujeira e deixando a cidade mais limpa. Então nós temos uma cidade limpa, uma cidade segura, a mobilidade urbana que a cada dia avança mais na melhoria, e nós sabemos que mobilidade é o problema do mundo. Se você for para São Paulo, todas as minhas reuniões eu marco no mesmo lugar só porque eu sei que eu não tenho mobilidade para transitar para outra reunião em determinada região de São Paulo, porque é um case de mobilidade. Que me perdoem os paulistas, mas a cada dia as pessoas vão crescendo e vão ter a possibilidade de comprar os seus veículos, sua moto normal. Talvez você tenha mais carros do que pessoas na cidade. Você tem a questão dos aplicativos, que aumentou muito em razão de quem estava desempregado. Mas nós temos segurança, a limpeza. Nós temos duas cidades maravilhosas ao nosso lado, coladas, onde você pode usufruir das praias de Coqueirinho, e Tambaba e de Tabatinga no lado norte e no lado sul, você tem Cabedelo, onde você pode ir para Areia Vermelha, para o Jacaré e ver o ponto do famoso pôr-do-sol, além da Fortaleza de Santa Catarina. Você tem o grande São João do Estado da Paraíba, que beneficiou a ocupação turística nas casas de João Pessoa. Temos três pilares principais, que é qualificar a mão-de-obra, temos praticamente todo mês qualificação de mão-de-obra em línguas estrangeiras. Disponibilizamos para profissionais do turismo inglês e espanhol e incluímos libras. Mensageiro, garçom, recepcionista, bugueiro, guia, motorista de aplicativo, táxis, todos eles têm a oportunidade de se matricular gratuitamente. Eu falei que a mobilidade era um problema mundial, mas mão-de-obra também. Você tem sempre que estar treinando, qualificando o pessoal. As pessoas vão ficar bem ultrapassadas e a promoção nem se fala.
Estamos trabalhando no nosso site de serviços para o turismo em João Pessoa. Vai estar em todos os pontos (aeroporto, rodoviária). O turista baixa um QR code no celular e vai ter tudo o que ele precisa em João Pessoa: hotéis, pousadas, bugueiro, passeios de catamarã náuticos, guias para acompanhar ele, farmácia, hospital, clínica, delegacia e posto de saúde. E quem é que nunca viajou e pegou uma gripe, talvez, e precisou de um serviço de saúde? Quem é que nunca viajou e talvez, esqueceu a escova de dente que usava em uma farmácia? Os melhores restaurantes, bares. Então tudo vai estar conectado ao waze, vai estar conectado ao aplicativo.
Nós temos também a promoção e divulgação de João Pessoa em feiras, instagram, sites. Vamos sair agora na revista da Azul Viagens, Brasil de Canto a Canto, do Oiapoque ao Chuí. Então se você pegar uma aeronave que você vai sair de Rondônia pro Acre, o que vai ter? Uma revista, e com João Pessoa lá dentro. A prefeitura também tem investimento em infraestrutura. O aeroclube era um problema e vai ser um parque da cidade, vai sair até na Folha de São Paulo. A população de João Pessoa e os turistas vão poder usufruir de vegetação e lagos e há um futuro belíssimo que envolve a mobilidade urbana. Mais de 50 milhões de euros, que através do banco francês, será para fazer toda a questão da mobilidade urbana do centro. O centro histórico vai ser outra coisa. Nós temos um dos maiores e mais belos centros do Brasil. Tem o projeto do píer… para você ter ideia, você poderá ir no Jacaré e descer no centro histórico a pé para fazer o cruzeiro ao Pelourinho.
Tem a reforma da calçadinha da orla, já está passando ali o Ibis (que daqui a pouco vai entregar a academia de ginástica pros turistas). O alargamento, o alargamento em torno do busto de Tamandaré é uma tarefa. Ali é horrível. Então está se alargando para fazer toda a questão dos estacionamentos para os ônibus, para que eles não fiquem travados ali pelo engarrafamento…se for um ônibus de um receptivo que esteja transportando um turista para o aeroporto, com uma grande possibilidade de perder o voo. A reforma do zoológico de João Pessoa, a famosa Bica… então infraestrutura. Até porque nós temos esses índices das pessoas que retornam, de quem vem à João Pessoa, 99% quer retornar e 70% querem morar por causa disso, por causa da estrutura, por causa de tudo que João Pessoa tem de bom para oferecer.
A cultura e o patrimônio cultural de uma cidade podem ter um grande potencial turístico, no entanto, uma cidade litorânea como a nossa tende a ser mais procurada em razão das praias. O senhor poderia comentar sobre a cultura popular de João Pessoa e o seu potencial turístico? Na sua opinião, como a produção e manifestação cultural, imaterial e material, pode ser utilizada como um instrumento de promoção do turismo e da economia local?
É o que nós utilizamos esse ano. Nós conseguimos envolver, por exemplo, o carnaval, a tradição, né? O turista gosta de atrações de grande porte que chamem a atenção, mas gosta também das atrações locais. Então todo o nosso projeto faz com que o que nós temos de bom aqui na cidade possa ter um crescimento. Vou dar um exemplo: João Pessoa é uma cidade criativa da UNESCO no que diz respeito a artesanato, eles já implantaram o Natal de João Pessoa. Em 2021, tivemos uma Caravana da Coca-Cola, Corrida da Coca-Cola e Passeio Ciclístico da Coca-Cola. Uma série de atividades nas quais nós conseguimos incluir o artesanato. No Busto de Tamandaré, esse ano, vão ser 5 dias em que os artesãos atuam. Começamos por 20 barracas, fomos para 30. Agora já vamos passar 60 barracas, onde os artesãos de João Pessoa possam oferecer aos turistas que vêm à nossa cidade produtos de artesanato voltados ao Natal. Todo o nosso material promocional de feiras e stands têm o carimbo da UNESCO de Cidade Criativa do Artesanato. Quando falamos de carnaval, nós saímos agora na escola de Samba Dragões da Real, um investimento pequeno para a mídia gigantesca. Temos 50 minutos ao vivo na Rede Globo para todo o Brasil… mais de 80 reportagens antecipadas para mostrar João Pessoa. Nós pudemos homenagear Muriçocas do Miramar, o carnaval, a folia de rua de João Pessoa, muito emocionante. Pegamos agora o carnaval e estamos colocando no nosso calendário, para que não somente na época do carnaval nós possamos divulgar o nosso carnaval tradição. Eu quero que o Brasil conheça. Nós vamos fazer matérias promocionais envolvendo isso. Além disso, vamos ter feiras de exposição no shopping Manaíra, com os principais pontos turísticos de João Pessoa. Vamos levar artesanato, o carnaval, a tradição e toda essa parte cultural que, quando nós falamos de cultura, nós falamos que existem vários projetos de verão que vão envolver cultura em um cronograma de atrações, de espetáculos, de orquestra. Na Lagoa teremos apresentações de cultura, então tudo o que está envolvendo o turismo está sim incluindo a cultura, porque é uma grande potencialidade para o crescimento econômico da cidade.
A cidade de João Pessoa passou pelo processo de candidatura para ingresso na Rede de Cidades Criativas da UNESCO e foi reconhecida em 2017 com o título de Cidade Criativa no segmento de Artesanato Popular. Qual a relevância de participar de uma rede de cidades criativas e de receber esse título? Isso trouxe algum impacto sobre a cultura e o turismo da cidade?
Se trouxe? Trouxe. Até porque nós utilizamos isso como ferramenta de venda. Hoje você tem dez pontos turísticos de João Pessoa. O mercado de artesanato está entre os cinco mais visitados. A feirinha lá de Tambaú está entre os 5 mais visitados. Temos o Celeiro que conseguimos resgatar, temos exposição de artes, exposição de artesanato. Então para nós não é somente um selo, é também usufruir dessa oportunidade que João Pessoa batalhou para receber esse selo. E nós vamos ter que fazer esse selo ser bem utilizado para o turismo e para que esses artesãos tenham a oportunidade de ter um crescimento econômico e financeiro nos seus negócios.
Existem outras ações internacionais desenvolvidas pelo município de João Pessoa dentro dessa temática cultural e, especificamente, do artesanato popular?
Para a cultura eu te confesso que nós não temos projeto nesta secretaria. A responsabilidade da cultura é com a FUNJOPE. Posso detalhar no que se diz ao turismo. Nós temos em andamento (e é com o país de Portugal, certo?) reuniões agora em setembro com eles e, ainda esse ano, nós vamos assinar esse termo de cooperação. É uma cidade que eu também não posso citar aqui, só posso dizer que está em andamento, mas não posso dizer detalhes, porque não foi efetivado. Então está em andamento… quando tiver tudo efetivado, vou convidá-las para vocês participarem.
Em relação à internacionalização da cidade de João Pessoa, ou seja, de sua inserção em mais ações de cooperação internacional e de divulgação de sua imagem mundialmente, o que tem sido feito nesse aspecto e, na sua opinião, o que falta para investirmos em um setor específico voltado para cooperação internacional?
Tem sim projetos futuros. Nós passamos o ano com um processo ruim na saúde mundial devido à pandemia. Então, esse ano todo tudo foi voltado para que a pandemia fosse encerrada. O orçamento foi direcionado à vacinação e nós passamos em todos os jornais nacionais e internacionais como uma das cidades que mais vacinaram em todo o Brasil. Isso foi uma estratégia, porque se a pandemia acaba, o turismo volta mais rápido. Então nós praticamente retomamos o turismo. Essa escala é bem gradual, mas estamos preparando João Pessoa para que ela de fato seja a bola da vez e tenha um bom destaque na ocupação turística internacional.