A Internacionalização da Economia Solidária através do projeto Respond Rebuild Reinvent

-

Fonte: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 2024.

O projeto Respond Rebuild Reinvent, também conhecido como RRR, é um de seis projetos financiados pelo Instrumento de Parceria Estrangeira da União Europeia e lançados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) para promover e internacionalizar os Ecossistemas de Economia Social e Solidária (EESS). O RRR foi criado em 2020, durante a pandemia da COVID-19, com o objetivo de oferecer suporte para os desafios sociais a nível subnacional. Os EESS se estabelecem pela interação intersetorial entre as cidades e atores como: ONGs, cooperativas, empresas sociais, setor público e privado, de modo que o RRR irá destacar o nível local como espaço propício à inovação, ao qual as cidades identificam necessidades e lacunas específicas desses ecossistemas e propõe soluções conjuntas. 

As cidades selecionadas para participar do projeto, em conjunto com 14 organizações parceiras, tinham os seguintes critérios: alta relevância da economia social e solidária para as autoridades locais; respostas pré-existentes para os desafios relacionados à COVID-19; a existência de colaborações com stakeholders da economia solidária; comprometimento com o processo e diversidade geográfica. As cidades parceiras selecionadas foram: Belo Horizonte, Montreal, Guadalajara, Dublin, Bilbao, Rotterdam, San Francisco, Torino e Warsaw, que tiveram a oportunidade de trocar experiências sobre problemas comuns e comparar soluções. 

Fonte: UpSocial, 2024

A metodologia do RRR gira em torno do Peer Learning Approach, que consiste em uma série de sete workshops para identificar desafios comuns na administração da cidade sobre os ecossistemas e promover a troca de experiências e soluções. Desse modo, três desafios principais são abordados como relevantes para a administração pública: 

1- Estratégias, estruturas e políticas sobrepostas: esse desafio revela-se comum entre as nove cidades, na qual a falta de coordenação interna da administração pública impede que propostas avancem e cheguem aos beneficiários e prejudica a cooperação com stakeholders. Para solucionar este problema, o RRR buscou promover o alinhamento entre as estratégias nacionais, regionais e locais, a fim de fortalecer o ecossistema de economias solidárias, sobretudo sugerindo a criação de escritórios internos da administração, responsáveis por supervisionar a governança do EESS e por desenvolver a temática na estratégia municipal. Outra forma de abordar o problema sem interferir no trabalho de outras esferas do poder público envolve a definição clara de papéis e responsabilidades dentro do ecossistema, de modo a promover a complementaridade e reduzir a duplicidade. 

2- Promover o processo de co-design: as cidades reconhecem que a colaboração deve ocorrer desde o início da “cadeia de valor social” para atender completamente às necessidades sociais. Dessa forma, é preciso que as cidades estejam no processo de criação, implementação e gestão das estratégias em conjunto com outros atores do ecossistema. Algumas das soluções encontradas envolvem a utilização de estratégias bottom-up, como a criação de incentivos e recursos para comunidades e organizações da ESS; modificações no enquadramento jurídico que promova a gestão colaborativa entre setores e a utilização dos dados pré-existente das cidades para identificar nichos de possibilidade para co-design. 

3- Viabilidade econômica: as organizações de economia social e solidária encaram a dificuldade de sustentabilidade econômica. Partindo do ponto de que o poder público foca na ajuda apenas nos estágios iniciais, há uma falha em oferecer suporte a longo prazo para o desenvolvimento estratégico e para competitividade de tais organizações, seja no critério econômico, no retorno de investimentos ou no impacto social. Assim, as cidades encontram a resolução a partir da criação de incentivos para atrair investidores privados para essas organizações, garantindo o apoio financeiro para o EESS quando o impacto social e ambiental pode ser demonstrado, além de criar programas de capacitação para formar modelos de negócio mais sustentáveis e introduzir premiações, fundos ou subsídios para organizações em destaque. 

Os resultados do RRR demonstraram que as cidades participantes puderam forjar conexões relevantes em termos de troca de conhecimento, comprometimento e replicação de boas práticas e soluções inovadoras para os ecossistemas de economia social e solidária. Um exemplo dos efeitos do projeto está na relação estabelecida entre Belo Horizonte e Guadalajara, que buscaram continuar a troca de metodologias e estratégias, bem como a relação entre Dublin e Turin, que manterão uma comunicação para a utilização do espaço público para oferecer suporte aos ecossistemas. Em suma, o projeto promove a internacionalização da economia solidária e a cooperação no campo, mediante a troca de experiências e a possibilidade de colocar as cidades como protagonistas no fortalecimento de ecossistemas de economia social e solidária. 

Leave A Reply

Please enter your comment!
Please enter your name here

Publicações relacionadas