Bernardo Meyer (UFSC) fala sobre contribuição das Universidades para estudar e propor soluções na área de mobilidade urbana

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​Bernardo Meyer é Coordenador do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC, Professor e Subchefe do Departamento de Ciências de Administração da UFSC, onde já foiCoordenador do Curso de Administração Pública. Ocupou os cargos públicos de Secretário de Educação, Secretário de Planejamento e Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia na Prefeitura de São José (SC). É formado em Administração pela UDESC/ESAG, possui Mestrado em Administração pela DePaul University (Chicago, EUA) e Doutorado em Administração pela UFPR.

De acordo com o site, o Observatório da Mobilidade Urbana da UFSC têm como missão acompanhar a evolução das políticas públicas sobre mobilidade, principalmente na Região Metropolitana de Florianópolis. Como surgiu a ideia de um Observatório da Mobilidade Urbana dentro da UFSC e que impactos um observatório nesse formato, organizado e desenvolvido dentro da universidade, poderia ter para as políticas públicas locais?

Bernardo: Nosso Observatório surgiu com base em um desejo de um grupo de professores e pesquisadores de diferentes áreas, que estudavam temas relacionados ao transporte e a mobilidade urbana, de se reunirem para formar um think tank para pensar e discutir a mobilidade urbana de nossa região. Cabe enfatizar que a região da Grande Florianópolis sofre muito com os problemas de mobilidade que afetam as pessoas em seus deslocamentos diários. Desde o início das atividades temos conseguido contribuir com as políticas públicas de mobilidade do governo estadual, bem como de prefeituras da região, por meio dos estudos e pesquisas que temos desenvolvido.

No processo de mapeamento dessas políticas, até o presente momento, quais foram as ações observadas que chamaram a atenção, seja em nível local, nacional ou mundial?

Bernardo: Há inúmeras iniciativas ocorrendo na região da Grande Florianópolis com vistas a mitigar os problemas de mobilidade urbana da região. Faço questão de destacar aquele que considero o mais importante para resolver de forma sustentável esse problema público que é a Integração do Transporte Público da Região em um sistema racionalizado, baseado na troncalização de um novo BRT (Bus Rapid Transit), que servirá para substituir os sistemas municipais desconectados entre si que existem hoje.

Especificamente sobre a participação estrangeira na gestão da mobilidade urbana local, vocês identificaram alguma política com participação internacional relevante? Na sua visão, essa participação poderia ser um diferencial para a melhoria da mobilidade urbana nas cidades brasileiras?

Bernardo: No tocante a participação internacional, cabe frisar que o Governo do Estado de SC na organização da Integração do Transporte Público da Região está contando, desde o final do ano passado, com a Cooperação da Agência Alemã GIZ, que está apoiando o projeto tecnicamente, por meio de seus consultores, com vistas a introduzir tecnologias limpas nas frotas de transporte de passageiros. O grande objetivo dessa cooperação é diminuir produção de poluição no transporte coletivo e começar a introduzir tecnologias e práticas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental.

Como coordenador do Observatório da Mobilidade Urbana, você tem lidado com a temática de mobilidade e infraestrutura de diversas formas. A partir da sua experiência com o observatório e da sua trajetória de pesquisa, você poderia nos dizer como os prefeitos e gestores locais enxergam a mobilidade urbana atualmente? Há uma boa percepção acerca dos problemas que envolvem a mobilidade nas cidades?

Bernardo: Os gestores públicos brasileiros estão começando a compreender a mobilidade urbana de uma forma mas abrangente. A visão predominante era a visão rodoviarista, voltada para atender a necessidade dos carros. Atualmente, começa a ver uma mudança na direção de cidades mais humanizadas e voltadas para as pessoas. Portanto, já é possível ver essa mudança nas políticas públicas voltadas para mobilidade de várias cidades do país.

Na sua opinião, de que forma as universidades e os institutos de ensino superior poderiam dialogar com os setores locais e contribuir para o incremento da mobilidade urbana?

Bernardo: Creio que as universidades e centros de pesquisa tem muito a contribuir com a mobilidade urbana, principalmente estudando a temática e propondo soluções. Entretanto, as universidades precisam ser capazes de dialogar com o ambiente externo, em especial os órgãos governamentais que tratam de mobilidade, e levar até eles aquilo que tem desenvolvido. Creio que é nesse quesito que algumas instituições de educação superior tem falhado, nessa capacidade de comunicação e de compartilhar seus importantes achados. As universidades tem uma capacidade muito grande de inovação e de produção de soluções a problemas públicos que muitas vezes não existe no âmbito governamental.

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